Tutorial de ArcGIS: A atual ocupação desordenada de algumas áreas tem causado divergência em relação a alguns aspectos legais no âmbito ambiental. Nesse contexto, o Código Florestal (Lei nº 12.651 de 2012) apresenta direitos e deveres para a sociedade, na busca da preservação do ambiente além de trazer conceitos importantes como os de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL).
Este tutorial é um Guest Post elaborado por Vanessa Cecília Benavides Silva, natural de Santiago/Veráguas Panamá. Possui graduação em Geografia e Análise Ambiental (2011) e especialização em Gestão Ambiental e Geoprocessamento (2012), ambos pelo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH. Atualmente é pesquisadora e consultora autônoma nas áreas de Geoprocessamento e análise ambiental. Tem experiência na área de Análise Ambiental e de Geoprocessamento, na elaboração de mapas em geral e de base de dados para projetos diversos e monitoria de SIG no UniBH.
O QUE É UMA APP?
As APP são áreas protegidas com a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e garantir o bem-estar da sociedade (Lei nº 12.651 de 2012).
Considerando a importância que a temática ambiental vem ganhando, torna-se fundamental elaborar metodologias que possibilitem analisar fatores que influenciam no ambiente. As técnias e metodologias do Geoprocessamento permitem essas análises, porém, com ressalvas.
Este tutorial apresentará uma possível metodologia para análise de conflito de uso do solo em Áreas de Preservação Permanente com uso do software ArcGIS. Esse tipo de análise contribui na identificação das áreas que estão em acordo e desacordo com a Legislação Ambiental
ARCGIS: COMO FAZER MAPAS DE CONFLITO DE USO DE SOLO
As ferramentas do software ArcGIS utilizadas são as contidas no Analysis Tools e Spatial Analysis. No seguinte exemplo, será gerado o mapa de conflito de uso da bacia do Córrego Fechos, localizada no estado de Minas Gerais.
Para criar o mapa é necessário ter a seguinte base cartográfica: uso e ocupação do solo e limites das APP (margem de rio, nascentes, declividade, topo de morro…). As informações de cursos d'água, nascentes, declividade e topo de morro foram extraídas/elaboradas a partir das imagens de Radar SRTM.
No exemplo a seguir, para a delimitação das APP, considerou-se os parâmetros indicados na Resolução CONAMA nº 303 de margem de rio e nascentes (ferramenta Buffer do ArcGIS), de declividade (reclassificação dos dados obtidos através da classificação da imagem SRTM e extração das áreas com valores a partir de 45º), de topo de morro (seguindo a metodologia de Peluzio et al, 2010). Ressalta-se que a delimitação de APP apenas com uso do Geoprocessamento ainda não é cem por cento precisa. Com isso, é essencial a ida a campo para verificação das informações geradas com as ferramentas em ambiente computacional (largura da margem do rio, localização da nascente, etc).
O mapa de uso e ocupação do solo foi gerado a partir da vetorização das classes com uso de imagem do Google Earth.
- Adicionar os shapefiles: Limite da área de trabalho, uso do solo, drenagem;
- Extração de cursos d´água e nascentes:
- Criar as APP de margem de rio e nascentes a partir da ferramenta Buffer: ArcToolbox → Analysis Tools → Proximity → Buffer
Input Features: inserir o shapefile de referência para criação da área de influência;
Output Feature Class: nome e local para salvar o shapefile que será criado;
Distance: Linear unit: inserir De acordo com a Resolução CONAMA nº 303 (verificar Legislação referente a cada Estado):
Utilizar a ferramenta Merge e unir todos os shapefiles de APP em apenas um arquivo vetorial:
- ArcToolbox → Data Management Tools → General → Merge
Input datasets: inserir os shapefiles de APP que serão juntados (devem possuir o mesmo tipo de feição: neste caso polígono);
Output Dataset: nome e local para salvar o shapefile que será criado;
Sobreposição e interseção das áreas com os tipos de uso e ocupação do solo para obtenção das áreas de conflito:
- ArcToolbox → Analysis Tools → Overlay → Intersect
Input Features: inserir o shapefile de APP gerado no procedimento com a ferramenta Merge e o shapefile de uso e ocupação do solo. O shapefile de APP deve ser inserido primeiro, pois o novo arquivo gerado será com o limite das APP e o atributo do uso do solo.
Output Feature Class: nome e local para salvar o shapefile que será criado;
Para gerar o mapa final, criar o mapa temático do novo shapefile a partir da coluna, na tabela de atributos, que apresenta as informações das classes de uso e ocupação do solo.
No final, cabe ao autor pesquisar na Legislação e em bibliografia confiável quais as classes que estão em acordo e desacordo com a Legislação. No caso deste exemplo:
Acordo: Campo cerrado, Campo rupestre, Mata, Reflorestamento.
Desacordo: Atividade mineral, Solo exposto, Área urbana.
Artigo: Identificação e Análise de Conflito de Uso do Solo em Áreas de Preservação Permanente na Bacia do Córrego Mutuca, Nova Lima (MG) (Pág.293)
Autoras: Fernanda Souza Maia / Vanessa Cecília Benavides Silva
Publicado: XV Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada
Em resumo, temos o seguinte fluxograma para este procedimento:
Este tutorial está disponível na versão PDF:
Nos links a seguir você poderá encontrar outras dicas que envolvem o uso do ArcGIS:
-
Cálculo de Centro Médio Simples e Ponderado no ArcGIS
-
100 Tutoriais em Português sobre o Software ArcGIS
-
Apostila de Cartografia Básica, GPS e ArcGIS
Este tutorial é participante do II Concurso Cultural – Tutoriais de Geoprocessamento.
8 respostas
Ei Anderson boa tarde!
Você saberia me informar se há algum software que indique usos de solo no ambiente urbano que especifique residências?
O link para o tutorial em pdf está quebrado. Estou fazendo um levantamento para uma microbacia e esse material em muito me auxiliaria. Mas quando clico no link do repositório do google sites não baixa nada. Tem ou link ou pode me mandar ela por e-mail? Desde já agradeç. Um abraço.
Oi,
Enviei por e-mail. Mas o link está funcionando.
Confirme o recebimento. Ok?
Abraço!
Caio e Anderson,
como determinar os itens Cumes_Mde e MDEHC)base?
Qual ferramentar utilizar?
Parabéns, gostei do post.
Vocês teriam algum tutorial mais detalhado sobre como conseguir as bases cartográficas: uso e ocupação do solo e limites das APP (margem de rio, nascentes, declividade, topo de morro??
Obrigado!
Leandro
Oi Leandro, como vai?
Veja se isso lhe ajuda:
http://www.andersonmedeiros.com/delimitacao-corredores-ecologicos-no-arcgis/
Abraço!
Ótimo post,
só não tenho certeza se a metodologia descrita por Peluzio et al., 2010 para delimitação de APP de topo de morro ainda se aplica.
[Acho que] De acordo com o novo código florestal, a metodologia é por sela do terreno.
Abraço,
Pelo novo código florestal a metodologia de Peluzio et al(2010) só modifica o valor da declividade
Linha de comando do código antigo
Con((((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) >= 50) & ((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) 30)) – ((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) > 300), (“Cumes_Mde” – ((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) / 3)), SetNull(“Cumes_Mde”,”Cumes_Mde”))
Linha de comando código novo
Con((((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) >= 100) & ((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) 46,63)) – ((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) > 300), (“Cumes_Mde” – ((“Cumes_Mde” – “MDEHC_Base”) / 3)), SetNull(“Cumes_Mde”,”Cumes_Mde”))
OBS: A equação para transformar declividade em graus para porcentagem é: [Declividade (%) = tan (declividade°) x 100].
DECLIVIDADE (%)=tan(25)x100 = 46,63%
Espero ter ajudado, abraços.